Depois de quase um ano sem postar aqui, me fiz muitas perguntas, entre elas o porque de abandonar com frequência as coisas que mais gosto. Ainda não tenho muitas respostas e parece que nunca terei. O mais importante é olhar pra isso e dizer que sempre existe um caminho de volta pro lugar que nos faz bem e nos alegra. Entre vários textos que escrevi, experimentei a gostosa sensação de liberdade plena. E isso me trouxe felicidade. É escrevendo que me sinto aconchegada, próxima do meu eu mais sagrado.
Dizem que a arte liberta e foi exatamente assim que me senti ontem na abertura da exposição do artista plástico Vik Muniz, no MAM. Essas são as cenas que se desenrolaram como um filme neste cenário:
Cena 1
Noite chuvosa, a postos o indefectível tapete vermelho estendido, luzes e holofotes seguindo as celebridades globais que se amontoavam no MAM. Garçons afobados equilibrando bandejas, mulheres e homens metidos dentro de figurinos simplesmente inacreditáveis. Nestes eventos, vale tudo. Imagina se o João das Couves vai perder a oportunidade de escancarar a arcada dentária assim que detectar um possível flash? Nem pensar! Então a ordem é abusar. Abusar das cores, dos acessórios, das roupas, dos comprimentos, dos penteados, dos perfumes e da paciência dos outros. A competição foi acirrada no quesito estranheza. Quando vi um cara de terno preto, a calça indecisa entre comprida e bermuda, costeleta à la Elvis Presley (sim, isso ainda existe!) óculos aro preto e grosso anos 60 e a tiracolo uma minúscula bolsa de plástico listrada, coloridíssima, tipo daquelas que a gente usa pra fazer feira me perguntei se aquelas pessoas sabiam mesmo onde estavam. Encostada numa mesa, vi os egos inflados levitando.
Cena 2
Uma escada iluminada por luzes multicoloridas me leva ao 2ºandar. Caminho lentamente saboreando os vídeos que permitem uma degustação da obra de Vik. Ando mais um pouco e me deparo com as telas imensas, belas, soberbas.
Agora nada mais existe. Sou eu, pequenininha, mediante a grandiosidade do artista. Sou eu, reconhecendo a beleza, a preciosidade do trabalho que se estende a minha frente de maneira comovente e única.
Ao retratar rostos e paisagens com tinta, chocolate, açúcar, arame, cordas, retalhos e tudo o mais que a sua imaginação puder construir, Vik grita pra gente que são inúmeras as possibilidades do ser humano. Que a nossa natureza é ilimitada e que a vida acontece exatamente ali, naquele momento, naquele instante em que ele é capaz de criar, dar vida e cor ao que sente.
Cena 3
Saio extasiada com tanta força, tanta fé que vi. Pressenti uma pulsação firme, contínua, inteligente em cada quadro da exposição. E me envergonhei por ter abandonado meus textos, deixando à deriva minha força criadora.
A sabedoria está em sermos capazes de motivar aquilo que há de mais sagrado em nossa vida: o amor a todas as coisas que nos fazem bem.
Obrigada Vik.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
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8 comentários:
Não bastasse ser a pessoa especial que você é; a amiga leal, fiel e companheira de todas as horas; a parceira dos momentos mais sérios e dos mais bobocas; a produtora competente, dócil e pilhada como só você sabe ser; não bastasse tudo isso, ainda escreve tão bem assim! Lindo texto, minha Flor!
Lendo, tive a exata certeza de que estava certíssimo ao te perturbar tanto pra trazer seu blog de volta, viu?
E ó: você está proibida de nos privar de mais textos como esse, tá certo?
Bjão, minha amiga! E parabéns pela sensibilidade, pela força e, claro, pelo post de reestreia!!!
Antes de mais nada, prazer...DestroieR. Passei no blog só pra barbarizar e vi seu comentário....e como a curiosidade matou o gato...entrei pra ver a sua reestreia e claro conhecer seu blog. Sinceramente na cena 1...eu me senti entrando no MAM...com os tapetes vermelhos e holofotes, flash e mais flash (rs). Acabou o sonho...! Acordado te dou os parabéns pelo texto q está fantastico e boas vindas ao mundo blogueiro. Se quizer conhecer meu singelo blog, com textos não tão bem feitos, será um prazer. Fique com Deus. Bye.
Flor, de tudo, a última frase foi a que me chamou mais a atenção: "A sabedoria está em sermos capazes de motivar aquilo que há de mais sagrado em nossa vida: o amor a todas as coisas que nos fazem bem". Essa parte me calou fundo pq, talvez, seja o que eu mais venha trabalhando "há quase um ano"... rs
Esse instinto de liberdade que a arte eventualmente nos proporciona é o que tenho procurado sentir nas últimas "escolhas" que tenho feito... O lema (desejado) tem sido "focar no que me dá prazer e satisfação e me livrar das cobranças (mais exigentes) e da culpa"! Um dia eu chego lá!!! Já foi dada a largada... Bjssssss. e que venham muitos outros posts como este!
Querida, esse texto tem tudo a ver com a minha principal meta para 2009: estar perto das pessoas e coisas que realmente me fazem bem, me trazem alegria de viver. Nada de pessoas por quem não tenho a menor admiração e coisas que me deixam triste. Que bom que vc está de volta, ler suas palavras é sempre uma grande experiência. Agora, só falta a gente se ver, sentar numa mesa de bar e deixar nossa arte falar! Grande beijo, Bella.
Flor,
Uma de suas resoluções de ano novo deveria ser não parar de escrever nunca mais. Bota esse texto (bom) pra fora, amiga! A gente às vezes bloqueia nossa capacidade criadora por qualquer bobagem.
Bem-vinda ao mundo dos textos escondidos que estão dentro de nós!
Parabéns!!!
Murilo querido, como já te disse, devo a vc a minha volta... bjs e carinho...
DestroiR, obrigada pelo seu comentário. Se puder, vá ao MAM. Tá tudo lá. abs
Serginho, livre-se mesmo de tudo que não te serve. A vida é mais, sempre! bjs
Bella querida, obrigada pelo seu carinho. Vamos nos ver em breve, prometo! bjs
Minha Florzinha linda, fui ver a exposição e amei!!!! MARAVILHOSA!!! Beijos imensos e obrigada pela dica, Bella.
Bella, que bom que gostou! Fico feliz, minha amiga! bj bem grande!
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