Ontem, dia de Yemanjá, foi aniversário da minha gatinha Dandara. Será por isso que gosto tanto dela? Afinidades além desta vida?
No budismo, acreditamos que é possível reencarnar em qualquer reino... seria a minha Danda uma amiga querida de outros tempos?
Só sei que em todos os momentos ela tá ali, companheira de todas as horas, com seus olhinhos azuis grudados em cada movimento meu. Orelhinhas pretas sempre atentas a qualquer rumor. Ronronando quando deito, pede carinho, ou melhor, exige carinho! Confesso que sou refém de seus humores... rsss...
De vez em quando enlouquece no meio da noite e me acorda com um agudo miado bem dentro dos meus tímpanos. Outras vezes, acredita fazer parte do Cirque Le Soleil e se acaba na soleira da porta em saltos mortais inacreditáveis para uma "senhorinha" (Danda tá fazendo 12 aninhos!).
Ela tem manias engraçadas... me chama pra colocar ração do potinho para o chão e pede cafuné enquanto come, acredita? Nem posso reclamar. Fui eu quem acostumou a bichana assim...
Tem dias que, me arrumando na pressa, perco a paciência com suas exigências... e elevo meu tom de voz - que pra quem me conhece, não é uma coisa boa, dado ao timbre grave da minha gargantinha... rsss...
Mas isso dura exatos 3 segundos. Assustada, ela me olha magoada. É o bastante pro meu coração se desmanchar. No segundo seguinte coloco-a no colo e sussurando lhe digo que a amo muito e muito. Apaziguadas, firmamos nosso pacto de cumplicidade eterna. Vou feliz pro meu trabalho e feliz Danda fica esparramada no sofá.
Quem resiste a um amor assim?
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Estamos quites
No Massapê - pra quem não conhece, um barzinho ao lado da TV Brasil - tem um garçom muito figura, o seu Manel. Não, não é Manoel, nem Manuel, é Manel mesmo. Parece que fez mestrado com os garçons do bar Lagoa. Aprendeu direitinho a arte de atender com mau humor. Eu, que já gosto de implicar com a criatura, não tem um dia sequer que eu entre lá sem cutucar o homem. Um dia implico com a tintura do cabelo (ele pinta as madeixas), outro com a blusa amassada e invariavelmente com o seu "bom humor". É ele o meu prato predileto, mesmo porque a comida lá definitivamente não é nada boa. Só que hoje a inspiração dele superou a minha. Olha só o nosso diálogo:
- Seu Manel, olha só... não vai me atender não, é? Hoje não tô nada boa, sabia?
Ao que ele me respondeu num rompante, com os olhinhos faiscando:
- Então somos dois!
Explodi na gargalhada. Tinha eu outra saída?
- Seu Manel, olha só... não vai me atender não, é? Hoje não tô nada boa, sabia?
Ao que ele me respondeu num rompante, com os olhinhos faiscando:
- Então somos dois!
Explodi na gargalhada. Tinha eu outra saída?
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
A arte que liberta
Depois de quase um ano sem postar aqui, me fiz muitas perguntas, entre elas o porque de abandonar com frequência as coisas que mais gosto. Ainda não tenho muitas respostas e parece que nunca terei. O mais importante é olhar pra isso e dizer que sempre existe um caminho de volta pro lugar que nos faz bem e nos alegra. Entre vários textos que escrevi, experimentei a gostosa sensação de liberdade plena. E isso me trouxe felicidade. É escrevendo que me sinto aconchegada, próxima do meu eu mais sagrado.
Dizem que a arte liberta e foi exatamente assim que me senti ontem na abertura da exposição do artista plástico Vik Muniz, no MAM. Essas são as cenas que se desenrolaram como um filme neste cenário:
Cena 1
Noite chuvosa, a postos o indefectível tapete vermelho estendido, luzes e holofotes seguindo as celebridades globais que se amontoavam no MAM. Garçons afobados equilibrando bandejas, mulheres e homens metidos dentro de figurinos simplesmente inacreditáveis. Nestes eventos, vale tudo. Imagina se o João das Couves vai perder a oportunidade de escancarar a arcada dentária assim que detectar um possível flash? Nem pensar! Então a ordem é abusar. Abusar das cores, dos acessórios, das roupas, dos comprimentos, dos penteados, dos perfumes e da paciência dos outros. A competição foi acirrada no quesito estranheza. Quando vi um cara de terno preto, a calça indecisa entre comprida e bermuda, costeleta à la Elvis Presley (sim, isso ainda existe!) óculos aro preto e grosso anos 60 e a tiracolo uma minúscula bolsa de plástico listrada, coloridíssima, tipo daquelas que a gente usa pra fazer feira me perguntei se aquelas pessoas sabiam mesmo onde estavam. Encostada numa mesa, vi os egos inflados levitando.
Cena 2
Uma escada iluminada por luzes multicoloridas me leva ao 2ºandar. Caminho lentamente saboreando os vídeos que permitem uma degustação da obra de Vik. Ando mais um pouco e me deparo com as telas imensas, belas, soberbas.
Agora nada mais existe. Sou eu, pequenininha, mediante a grandiosidade do artista. Sou eu, reconhecendo a beleza, a preciosidade do trabalho que se estende a minha frente de maneira comovente e única.
Ao retratar rostos e paisagens com tinta, chocolate, açúcar, arame, cordas, retalhos e tudo o mais que a sua imaginação puder construir, Vik grita pra gente que são inúmeras as possibilidades do ser humano. Que a nossa natureza é ilimitada e que a vida acontece exatamente ali, naquele momento, naquele instante em que ele é capaz de criar, dar vida e cor ao que sente.
Cena 3
Saio extasiada com tanta força, tanta fé que vi. Pressenti uma pulsação firme, contínua, inteligente em cada quadro da exposição. E me envergonhei por ter abandonado meus textos, deixando à deriva minha força criadora.
A sabedoria está em sermos capazes de motivar aquilo que há de mais sagrado em nossa vida: o amor a todas as coisas que nos fazem bem.
Obrigada Vik.
Dizem que a arte liberta e foi exatamente assim que me senti ontem na abertura da exposição do artista plástico Vik Muniz, no MAM. Essas são as cenas que se desenrolaram como um filme neste cenário:
Cena 1
Noite chuvosa, a postos o indefectível tapete vermelho estendido, luzes e holofotes seguindo as celebridades globais que se amontoavam no MAM. Garçons afobados equilibrando bandejas, mulheres e homens metidos dentro de figurinos simplesmente inacreditáveis. Nestes eventos, vale tudo. Imagina se o João das Couves vai perder a oportunidade de escancarar a arcada dentária assim que detectar um possível flash? Nem pensar! Então a ordem é abusar. Abusar das cores, dos acessórios, das roupas, dos comprimentos, dos penteados, dos perfumes e da paciência dos outros. A competição foi acirrada no quesito estranheza. Quando vi um cara de terno preto, a calça indecisa entre comprida e bermuda, costeleta à la Elvis Presley (sim, isso ainda existe!) óculos aro preto e grosso anos 60 e a tiracolo uma minúscula bolsa de plástico listrada, coloridíssima, tipo daquelas que a gente usa pra fazer feira me perguntei se aquelas pessoas sabiam mesmo onde estavam. Encostada numa mesa, vi os egos inflados levitando.
Cena 2
Uma escada iluminada por luzes multicoloridas me leva ao 2ºandar. Caminho lentamente saboreando os vídeos que permitem uma degustação da obra de Vik. Ando mais um pouco e me deparo com as telas imensas, belas, soberbas.
Agora nada mais existe. Sou eu, pequenininha, mediante a grandiosidade do artista. Sou eu, reconhecendo a beleza, a preciosidade do trabalho que se estende a minha frente de maneira comovente e única.
Ao retratar rostos e paisagens com tinta, chocolate, açúcar, arame, cordas, retalhos e tudo o mais que a sua imaginação puder construir, Vik grita pra gente que são inúmeras as possibilidades do ser humano. Que a nossa natureza é ilimitada e que a vida acontece exatamente ali, naquele momento, naquele instante em que ele é capaz de criar, dar vida e cor ao que sente.
Cena 3
Saio extasiada com tanta força, tanta fé que vi. Pressenti uma pulsação firme, contínua, inteligente em cada quadro da exposição. E me envergonhei por ter abandonado meus textos, deixando à deriva minha força criadora.
A sabedoria está em sermos capazes de motivar aquilo que há de mais sagrado em nossa vida: o amor a todas as coisas que nos fazem bem.
Obrigada Vik.
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